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sábado, 3 de setembro de 2016

O Facebook e o debate político

Estamos vivenciando um “boom” relacionado ao debate político, parecido com o que ocorreu na década de 80 com as Diretas Já. Porém, serei firme em dizer, o debate atual é muito mais caloroso. Hoje temos uma ferramenta que propaga ideias cuja forma, se caracterizarmos de rápida, estaremos diminuindo o seu potencial: o Facebook. Não é à toa que vemos candidatos a vereador e prefeito que mal sabem ligar um computador nos enviando solicitações de amizade...

Logar no Facebook tem sido uma maneira interessante de ficarmos informados sobre o que acontece nos esportes, nas novelas, na política... Porém, tem sido também, uma forma de encontrarmos muitos debates sobre tudo isto. Lembro que um tempo atrás em uma publicação de uma página gremista, um colorado acabou entrando nos comentários e o que era para ser uma simples informação tricolor acabou virando uma guerra de palavrões. Enfim, a internet tem nos oportunizado chances de vermos as pessoas transbordarem emocionalmente, tanto para o ódio, quanto para o amor. É assim que muitas vezes funciona quando do consumo de bebidas alcoólicas.

Os debates políticos no Facebook têm sido um espetáculo à parte.  A nova ágora tem se mostrado hospitaleira a todas as ideologias. Porém, um problema surge reluzente quando analisamos a veracidade de muito do que se posta. Os Faces tem efetuado muita leitura das chamadas e estereotipado os conteúdos, que na maioria dos casos ou não é lido, ou é lido já com um pré-conceito pelo leitor, devido às outras manchetes lidas nos dias anteriores. Hitler hoje teria muito mais popularidade? Ou teria parada a sua campanha pelas manifestações virtuais? Eis que surge nestas perguntas outra pergunta: qual a diferença entre informação e conhecimento? Uma coisa é sabermos que o preço aumentou. Outra coisa é sabermos o porquê do aumento, quem aumentou e até quando vai esta elevação pecuniária.

O problema é agravado quando “a gasolina nesta fogueira” é jogada pela própria imprensa, que abafa, agita, defende e pune. Como diria Bauman, “O nosso é um tempo de cadeados, cercas de arame farpado, ronda dos bairros e vigilantes; e também de jornalistas de tabloides ‘investigativos’ que pescam conspirações para povoar de fantasmas o espaço público funestamente vazio de atores, conspirações suficientemente ferozes para liberar boa parte dos medos e ódios reprimidos em nome de novas causas plausíveis para o pânico moral”.

As inimizades políticas, que antes eram consolidadas pessoalmente, no olho no olho, agora se concretizam através de um deslike ou de um desfazimento de amizade. Muitas vezes esta inimizade ultrapassa a barreira dos argumentos e atinge em cheio o argumentador: a inimizade deixa de ser somente por causas político-ideológicas e toma uma forma que atinge a pessoalidade.

Muitas vezes, ao ler uma postagem, tenho vontade de comentar: “Vá com calma, meu amigo”. Em muitos casos, é tamanho o absurdo dos conteúdos dos posts, que dá até vontade de rir: “esta pessoa ganhará 1 real por cada amém digitado nos comentários”. Quando o assunto é política, então, meus amigos, a situação pode se tornar caótica... E o momento é propício também, para a desinformação. Creio que a leitura de bons livros seria importante, em substituição a horas e horas passadas na frente do celular atualizando o feed.

Mas, mesmo assim, ainda vejo um lado positivo nessas situações: as pessoas estão falando sobre política. Arriscaria a dizer que estamos nascendo para o debate. Não podemos falar sequer em amadurecimento argumentativo. Estamos longe disso. Tomara que o próximo passo seja a nossa entrada na busca pelo conhecimento, e que possamos entender, por exemplo, a burocracia que envolve um processo de impeachment; que possamos entender as formalidades que requer este tipo de processo; e que entendamos o conteúdo que torna possível a abertura do processo de impeachment. Muito ainda caminharemos, porém, não devemos seguir a estrada que a História já mostrou não nos levar a bons destinos.



Por Marcos Evaldt

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