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Começamos com uma pergunta
que talvez seja a linha orientadora da leitura aqui apresentada: qual o ser
humano com vida é considerado o grande pensador de nossa época, o século 21?
Na escola básica, Vários
pensadores modernos e pré-modernos nos foram apresentados, cujos ideais eram os
de construir uma sociedade mais justa e solidária, ou apenas mais harmoniosa
com os “futuros” que estavam por vir (não se pretende aqui falar sobre
socialismo ou capitalismo).
Muitas dessas ideias foram
escritas nos antigos pergaminhos, ou com as lendárias canetas de pena.
Diferentemente, hoje temos vários meios tecnológicos para propagarmos os ideais
de uma maneira global, inclusive no exato momento em que temos tais ideias. Com
isso, faz-se a pergunta: qual a relação do PODER de propagar, devido à alta
tecnologia, com a REAL construção de ideologias?
O que se tem visto na
atualidade é uma preocupação única com o meio, ocasionando, com isso, uma
despreocupação com a consecução de alcançar um objetivo social futuro, que
seria planejado por uma ideologia. Essa preocupação com o meio caracteriza-se
por uma preocupação social em tratar apenas da resolução dos problemas atuais. Tal
preocupação desdobra-se e verifica-se na fartura de escolhas tecnológicas,
cujos artefatos tornam-se descartáveis em poucos dias, devido ao pensamento
social de que o novo produto é visto como fundamental para a continuação da
vida na “rede social”. O aparelho de modelo número 1 encontra-se desatualizado
quando comparado ao de número 2, e assim sucessivamente. A preocupação com o
meio caracteriza-se também pela acumulação patrimonial e um desleixe com o
futuro da convivência em sociedade. Observar as “curtidas” na foto da rede
social tem sido mais relevante do que a convivência na verdadeira rede social. Com
isso, estamos perdendo a reflexão crítica sobre a tecnologia; esta visão acrítica
nos faz esquecer indagações como: qual a importância deste artefato tecnológico?
O que posso alcançar com ele? Ou seja, a
reflexão sobre o valor das coisas está sendo mais lenta (ou nem exista) que a
produção destas.
Com isso, estamos perdendo a
capacidade de construir uma sociedade ideal. É o que dizem ser “o fim das
ideologias”. Prefere-se viver o hoje com o que se tem nele do que fazer uma
reflexão sobre este conteúdo do atual e quais as suas consequências para a
sociedade. Talvez uma frase resuma as práticas pouco reflexivas da sociedade
atual: “pouco importa a construção de uma sociedade fundamentada em valores
éticos e morais, pois tudo é assim porque sempre foi e sempre será assim.”
Onde estão nossos ideais
de civilização? Talvez seja esta escassez ideológica que faz qualquer
revolucionário transformar-se em um idiota perante a sociedade, que faz toda
reflexão revolucionária tornar-se idiota. Dificilmente se terá com quem
conversar quando o assunto for um ideal revolucionário. Desse modo, vamos
sempre deixar que outros decidam e interfiram por nós, que, em estado de
escravização tecnológica e mental, nos sentimos à parte de todas as mazelas
sociais e atribuímos a culpa aos que são nossos representantes, e nada mais que
isso. Esta desresponsabilização psicológica talvez seja um dos primeiros
indícios da nossa despreocupação com o futuro em sociedade e do fim integral
das ideologias.
Por Marcos Evaldt