Estamos vivenciando um “boom”
relacionado ao debate político, parecido com o que ocorreu na década de 80 com
as Diretas Já. Porém, serei firme em
dizer, o debate atual é muito mais caloroso. Hoje temos uma ferramenta que
propaga ideias cuja forma, se caracterizarmos de rápida, estaremos diminuindo o seu potencial: o Facebook. Não é à toa que vemos
candidatos a vereador e prefeito que mal sabem ligar um computador nos enviando
solicitações de amizade...
Logar no Facebook tem sido uma
maneira interessante de ficarmos informados sobre o que acontece nos esportes,
nas novelas, na política... Porém, tem sido também, uma forma de encontrarmos
muitos debates sobre tudo isto. Lembro que um tempo atrás em uma publicação de
uma página gremista, um colorado acabou entrando nos comentários e o que era
para ser uma simples informação tricolor
acabou virando uma guerra de palavrões. Enfim,
a internet tem nos oportunizado chances de vermos as pessoas transbordarem
emocionalmente, tanto para o ódio, quanto para o amor. É assim que muitas vezes
funciona quando do consumo de bebidas alcoólicas.
Os debates políticos no Facebook
têm sido um espetáculo à parte. A nova ágora tem se mostrado hospitaleira a
todas as ideologias. Porém, um problema surge reluzente quando analisamos a
veracidade de muito do que se posta. Os Faces
tem efetuado muita leitura das chamadas e estereotipado os conteúdos, que na
maioria dos casos ou não é lido, ou é lido já com um pré-conceito pelo leitor, devido às outras manchetes lidas nos dias
anteriores. Hitler hoje teria muito mais popularidade? Ou teria parada a sua
campanha pelas manifestações virtuais? Eis que surge nestas perguntas outra
pergunta: qual a diferença entre informação e conhecimento? Uma coisa é
sabermos que o preço aumentou. Outra coisa é sabermos o porquê do aumento, quem
aumentou e até quando vai esta elevação pecuniária.
O problema é agravado quando “a
gasolina nesta fogueira” é jogada pela própria imprensa, que abafa, agita, defende e pune. Como diria
Bauman, “O nosso é um tempo de cadeados,
cercas de arame farpado, ronda dos bairros e vigilantes; e também de
jornalistas de tabloides ‘investigativos’ que pescam conspirações para povoar
de fantasmas o espaço público funestamente vazio de atores, conspirações
suficientemente ferozes para liberar boa parte dos medos e ódios reprimidos em
nome de novas causas plausíveis para o pânico moral”.
As inimizades políticas, que
antes eram consolidadas pessoalmente, no olho
no olho, agora se concretizam através de um deslike ou de um desfazimento
de amizade. Muitas vezes esta inimizade ultrapassa a barreira dos
argumentos e atinge em cheio o argumentador: a inimizade deixa de ser somente por
causas político-ideológicas e toma uma forma que atinge a pessoalidade.
Muitas vezes, ao ler uma
postagem, tenho vontade de comentar: “Vá com calma, meu amigo”. Em muitos
casos, é tamanho o absurdo dos conteúdos dos posts, que dá até vontade de rir: “esta pessoa ganhará 1 real por cada amém digitado nos comentários”.
Quando o assunto é política, então, meus amigos, a situação pode se tornar
caótica... E o momento é propício também, para a desinformação. Creio que a leitura
de bons livros seria importante, em substituição a horas e horas passadas na
frente do celular atualizando o feed.
Mas, mesmo assim, ainda vejo um lado positivo
nessas situações: as pessoas estão falando sobre política. Arriscaria a dizer
que estamos nascendo para o debate. Não podemos falar sequer em amadurecimento
argumentativo. Estamos longe disso. Tomara que o próximo passo seja a nossa
entrada na busca pelo conhecimento, e que possamos entender, por exemplo, a
burocracia que envolve um processo de impeachment;
que possamos entender as formalidades que requer este tipo de processo; e
que entendamos o conteúdo que torna possível a abertura do processo de impeachment. Muito ainda caminharemos, porém, não devemos seguir a estrada que a História já mostrou não nos levar a bons destinos.
Por Marcos Evaldt